Bem vindo!!!

Que o Senhor te abençoe, te proteja e te guarde hoje e sempre!!!!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sugestões Litúrgicas!!!!


Sugestões litúrgicas – Aos membros de Pastoral Litúrgica

1. Se não rezam e não adoram o Santíssimo juntos podem ser muito inteligentes, mas não serão sábios, podem ser muito organizados, mas não serão piedosos, enfim, terão a mesma diferença que há entre uma técnica de enfermagem e uma mãe.
2. Participem de cursos, leiam livros, pesquisem na internet. Mas não se esqueçam de ler e ouvir o que diz o Papa atual, o que disseram os Papas anteriores e os Concílios. Muita gente fala sobre liturgia, mas não acredita que, por exemplo, a Missa é um Sacrifício, portanto, seus livros e palestras – mesmo que vinculados a editoras católicas – são um bom material para saber o que não se deve fazer.
3. Cuidado com o “Seu Estupendo”, aquele que passa o dia repetindo o que à noite esteve lendo…
4. Ao preparar comentários para a Missa, cuidado para não ser redundante e falar coisas que todos já perceberam. Ao invés de falar que o padre está incensando o altar – coisa que todos estão vendo – poderia, uns cinco minutos antes da Missa, falar um pouco sobre o sentido do incenso na liturgia, ou Quem o Altar simboliza etc.
5. Não é conveniente que se fale de temas. Por exemplo: “O tema da Missa de hoje é a paz.” Ou: “O Evangelho de hoje fala sobre perdão”. O padre pode julgar mais importante abordar outro aspecto da Liturgia da Palavra ou de algum texto litúrgico; além do que, a palavra “Tema” dá mais idéia de palestra do que de celebração de um mistério…
6. Embora em muitos lugares os leitores – não sendo instituídos – usem opas ou outras insígnias, quem sabe poderíamos valorizar a “roupa normal” dos leigos, mostrando pelas roupas a modéstia, o pudor, e solenidade de se proclamar a Palavra de Deus. Só por exemplo, nas liturgias do Papa no Vaticano os leitores não instituídos não usam nenhuma veste diferente.
7. Cuidado com expressões que possam confundir mais do que explicar. Por exemplo: falar que somos um povo sacerdotal e que o padre preside a Missa é corretíssimo, mas se as pessoas não conhecem bem os documentos da Igreja e a nossa doutrina, essas expressões podem parecer mais protestantes do que de fé católica.
8. Discrição deve ser o nosso lema. Evitar correrias e agitações, especialmente depois que as celebrações começaram.
9. Se alguém pede para fazer uma coisa que vocês sabem que está errado, não façam. Por exemplo: “Agora, todos rezem comigo: Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos apóstolos…” Deixem-no rezar sozinho, se ele brigar, não liguem. Se ele resolver tirar vocês da equipe, dêem graças a Deus. Depois, procurem esse irmão, especialmente se for sacerdote, e o corrijam com toda caridade. Se for um sacerdote visitante, rezem por ele e seria bom avisar o pároco. Se esse padre é o pároco, rezem por ele e avisem o bispo. Se também o Bispo acha normal, rezem para que ele mude de opinião. Mas nunca falem mal dele, falem, sim, bem da Missa.
10. Lembrem-se que a liturgia é feita de repetições solenes, não é necessário inovar a cada Vigília Pascal: dá mais trabalho e dispersa mais do que desperta a piedade. Além do que, na repetição haverá sempre um aprimoramento.
11. Inovar, inovar, criatividade, dinamizar… Mas quando há aniversário ninguém pensa em fazer uma outra versão do “Parabéns” e, se faz, parece que falta alguma coisa… Repetições solenes, cheias de amor!
12. Quem decide o que vai acontecer na Missa deve ser o padre que a vai celebrar. Recordo-me de um amigo meu que disse uma vez: “Qual a diferença entre um terrorista e a equipe de liturgia de minha paróquia? Com o terrorista pode haver negociação”.
13. Os leitores devem ter um contato bem anterior com as leituras que irão proclamar, cuidado para ler bem a Palavra de Deus, afastando erros de leitura e também certas entonações que mais pareceriam uma declamação ou mesmo um teatro.
14. A Bíblia não é exatamente um livro litúrgico. Livros litúrgicos são os Lecionários e o Evangeliário.
15. Procissões de entronização da Bíblia ficariam melhores no início de encontros de catequese, sínodos, reuniões pastorais. Não na Missa.
16. Cuidado para não teatralizar a liturgia. Penso que seria bom evitar apresentações teatrais, mesmo que pequenas, ou coreografias ou outras coisas que não estejam prescritas nos livros litúrgicos.
17. Na semana santa, ao invés de usar um jumentinho na procissão de Ramos, ou de vestir um grupo de meninos como se fossem apóstolos na Quinta-feira Santa e outras coisas do gênero, seria melhor tirar tudo isso da liturgia e organizar uma encenação da Paixão do Senhor em outro momento que não a liturgia e outro lugar que não Igreja.
18. Quando a jovem Dra. Edith Stein, judia que do cristianismo só conhecia o protestantismo, foi visitar um Templo Católico como turista numa cidade da Alemanha ficou muito impressionada ao ver uma mulher chegar com uma sacola de pão, se ajoelhar, ficar um instante em oração, se levantar e sair. Chamava-lhe a atenção de que alguém rezasse na Igreja, pois na sinagoga ou no templo protestante, isso não acontecia: as pessoas se reuniam ali para celebrações, mas não se tinha a idéia de ser um lugar sagrado. Fora das celebrações, tanto a sinagoga quanto a igreja protestante eram praticamente um salão vazio. O fato de um católico entender a Igreja como habitação de Deus e se dirigir a Ele nesse local, como um amigo que visita outro em sua casa, marcou profundamente aquela Doutora que veio a ser a Santa Virgem e Mártir Teresa Benedita da Cruz. Vamos lembrar isso aos nossos irmãos!
19. Ajudem as pessoas a perceberem que a Igreja não é “um espaço celebrativo”. A Igreja é a casa de Deus, mesmo que não esteja acontecendo nenhuma celebração. Em muitos lugares, fizeram da Igreja uma espécie de cinema, antes e depois da sessão, pode-se conversar, rir, comer, brincar, correr…
20. Um comentário feito pelo Espírito Santo para antes da Missa: “Silêncio diante do Senhor Deus (…) porque o Senhor preparou um sacrifício” (Sf 1, 7).

Fonte: www.presbiteros.com.br

quarta-feira, 30 de março de 2011

Homilia do 3º Domingo da Quaresma - Ano A

26 DE MARÇO DE 2011, SÁBADO, 19:30 H, COMUNIDADE SANTA CRUZ, HOMILIA DO PADRE ANDERSON DANIEL

1ª Leitura: Êxodo 17,3-7
Salmo: 94/95
2ª Leitura: Romanos 5,1-2.5-8
Evangelho: João 4,5-42

Irmãos, irmãs, quem aqui não tem sede? Quem aqui não espera alguma coisa? Quem aqui não busca alguma coisa? Quem aqui não sonha com alguma coisa? Essa sede que levou a samaritana a enfrentar o sol do meio dia é uma sede que se faz presente no coração de cada um de nós. Nós temos sede de água, temos sede do alimento, fome, mas também temos sede de uma vida nova; temos sedes espirituais que muitas vezes não conseguimos saciar, temos sede da transformação do coração.
Vejam que esse encontro marca para sempre a vida daquela mulher. Jesus pára no poço de Jacó, senta-se enquanto aguarda os discípulos que iam buscar alimento, e eis que chega essa mulher; e essa mulher não vai ao poço ao meio dia por acaso – porque ninguém ia ao poço meio dia, porque era muito quente – ela foi ao poço ao meio dia porque era uma mulher excluída, não podia se misturar com os demais porque era uma pecadora. E Jesus senta-se no poço para esperar a samaritana, e eis que quando ela chega, ele diz “dá-me de beber”.
Irmãos, Jesus pede daquilo que só Ele pode dar. Interessante... Vejam que essa catequese batismal é também pedagógica, muitas vezes Jesus precisa nos fazer enxergar que nós não temos nada para oferecer, e que entra ano e sai ano, nossa vida não muda e, muitas vezes é pobre de sentido, de valor.
 Se Jesus chegasse hoje e pedisse a você “dá-me de beber”, o que talvez você tivesse para oferecer a Jesus? Muitas vezes nós não estamos saciados e corremos o risco de passar a vida inteira sem nunca ter os nossos desejos saciados, porque muitas vezes eles se reduzem a coisas materiais e riqueza atrai riqueza, quanto mais a gente tem, mais a gente quer ter, e nunca estamos satisfeitos. Pergunte para algum milionário se ele quer deixar de ganhar dinheiro – ele sempre quer mais, mesmo já sendo milionário, nunca está bom.
E nós, também trazemos dentro de nós essa sede que não saciamos porque muitas vezes não fazemos o que gostamos, não vivemos como queríamos, não conhecemos o verdadeiro sentido da vida. Jesus pede a única coisa que a samaritana não podia dar, mas Ele já tinha. Mas primeiro Jesus precisa fazer um trabalho pedagógico conosco de tirar de nós aquilo que é ruim. Jesus precisa nos fazer conhecer quem somos e o que temos.
Você se conhece? Você sabe quem é? Você sabe o que tem? Você sabe até onde pode ir? Você sabe até onde pode chegar? Você sabe o que precisa fazer para melhorar a sua vida? Você sabe quais são seus maiores defeitos? Vocês sabem quais são seus maiores pecados?
Vejam que Jesus com tanto carinho e pedagogicamente vai tirar daquela samaritana as piores coisas que ela tinha, mas de uma forma não agressiva querendo condená-la, mas fazendo-a se conhecer.
“Dá-me de beber”; “mas como é que tu sendo judeu pede de beber a mim que sou uma samaritana”. Judeus e samaritanos não podiam nem se encontrar, era como gato e cachorro; parece uns e outros aí que vive em casa, que um entra pela porta da sala o outro sai pela porta da cozinha, moram na mesma casa mas se encontrarem, sai uma morte.
“E como é que eu vou te dar de beber se nem balde tem”, “mas a água que eu vou te dar é uma água que vai te saciar e você não vai mais precisar vir aqui”. Ela não queria mais ir lá ao meio dia, era muito sofrimento. Irmãos será que nós temos conhecimento do nosso sofrimento? A primeira palavra que hoje eu quero deixar para vocês nessa homilia é justamente conhecer. É preciso conhecer. Conhecer a você mesmo, conhecer o seu interior, conhecer suas fragilidades, conhecer suas dificuldades, conhecer seus dons, conhecer a pessoa que você escolheu para ficar com você a vida inteira - espero que conheça muito bem -, conhecer a sua fé, conhecer a sua vida, conhecer as suas fraquezas, conhecer os seus limites. Primeira coisa que Jesus fez foi fazer aquela mulher se conhecer.
Vocês viram como Jesus é sutil? “Vai chamar o teu marido e volta aqui”. O que ela disse? “Eu não tenho marido” – olha Jesus fazendo ela se conhecer. Claro que ela não tem marido, porque ela teve cinco e o que ela tem agora não era dela, quer dizer, tinha roubado da outra. Por isso que ela estava indo buscar água ao meio dia, era pecadora, desprezada.
Vocês que são casadas, não é fácil cuidar de um marido, imagina cuidar de cinco, ou melhor, de seis; mas não porque talvez o problema fosse os maridos, mas porque o problema era ela. É como  quando o caboclo que dá problema no trabalho, você tira ele daqui, poe ele ali. Na pastoral, na paróquia, o caboclo só dá problema, e aí o padre tira ele dessa pastoral e poe na outra, ele dá problema; poe naquela ali, dá problema; poe naquela outra, dá problema, e aí ele fala assim: “eu não consigo, não entendo esse povo aí, ninguém trabalha direito comigo”. O problema é o povo, nunca é ele. E o que Jesus fez foi mostrar para ela que o sofrimento estava nela. Quer dizer, é preciso se conhecer.
Hoje tem gente que não se conhece, estuda aquilo que não gosta, faz o que não gosta porque acha que vai ganhar mais dinheiro, porque acha que essa profissão – não tem vocação  nenhuma para ser tal coisa – mas vai fazer aquilo porque acha que aquilo dá muito dinheiro. Depois vive angustiado, sofre. Não se conhece.
E eu quero que vocês saiam daqui hoje com essa certeza: nós precisamos nos conhecer. Conhecer para querer. Olha que bonito: Jesus fez aquela samaritana pedagogicamente reconhecer todos os seus pecados, suas fraquezas, para que depois ela pudesse dizer: “vejo que és um profeta, sendo profeta o que você tem a me oferecer”, Jesus tem uma água viva e um alimento, que é fazer a vontade do pai, e ela vai dizer “dá-me então dessa água, dá-me desse alimento, eu quero”.
Quantas coisas na nossa vida passam por essa palavrinha “eu quero”. Às vezes falta esse “eu quero” para nós. Fulano quer casar com sicrana? Eu quero! Fulana quer casar com sicrano? Ah, padre, se eu pudesse voltar atrás... Queres consagrar a sua vida? Quero! É o que o padre diz na ordenação. E eu digo para vocês: querem ser mais santos? Querem mudar de vida?
Jesus não vai fazer nada se a gente não quiser. “Dá-me dessa água, Senhor, para eu não precisar mais vir a esse poço”. A partir daquele momento em que a samaritana desejou uma vida nova ela se tornou uma discípula. Eu sei quem eu sou e sei que os pecados que eu tenho não me impedem de querer ser melhor. Eu quero! Quais têm sido seus desejos hoje? O que vocês têm desejado, querido? Eu quero!
Duas palavrinhas: conhecer e querer. Essas duas palavras mudaram a vida da samaritana. Primeiro uma mulher que não tinha consciência ou sabia quem ela era, mas nunca tinha aceitado, depois aceitou, se conheceu. Jesus fez esse trabalho com ela, aí ela quis ser diferente. Eu quero! Tanto é que ela não era uma mulher tão ruim porque assim que ela descobriu o Messias, o que ela fez? Foi até a cidade para contar para os demais. Quer dizer que ela não era egoísta, mesmo sendo marginalizada, ela foi aos demais, ela foi partilhar.
Irmãos não existe vida nova sem algumas atitudes concretas. Não dá para viver a água da vida sem algumas atitudes concretas. Não dá para ser melhor sem conhecer as suas fraquezas. E quaresma é tempo de conhecer as fraquezas, tem que ter coragem de dizer que eu sou essa porcaria aqui às vezes, que não dá, que não consigo, que não dou conta, que não faço, que tenho limites que não sou melhor que ninguém que sou fraco, para depois querer ser melhor – dá-me dessa água.
 Vocês querem essa vida nova? Porque não adianta dizer que “eu queria mudar de vida”, mas não se comprometer. Eu quero! E aprender a partilhar daquilo que Ele nos dá.
Então, concluindo hoje essa reflexão que é muito mais profunda, teria um milhão de coisas para falar. Esse Evangelho é um dos maiores Evangelhos do ano A e de todos os Evangelhos, de uma profundidade enorme. Hoje, se nós tivéssemos catecúmenos adultos para serem batizados, começaríamos os escrutínios porque essa é uma catequese batismal; a água está presente na vida nova, representa o Espírito Santo. Vejam lá na primeira leitura, a água que brotou do rochedo para matar a sede daquele povo de Israel, ingrato, que chegou para Moisés e pediu “nós não temos água”, nós vamos morrer de sede”. Deus disse para Moisés: “vai lá pega o teu cajado e fere a rocha e dá de beber, porque essa é a água da vida. Quando Jesus morreu na cruz, do seu coração jorraram sangue e água.
Essa água que está faltando no nosso coração é água que está presente no poço, mas é a água que é Jesus; a água na Bíblia, no Novo Testamento representa o Espírito Santo que deu a nós vida nova. Mas para isso é preciso que eu me conheça, que eu queira e que eu saiba partilhar o que eu tenho. Ser missionário é ser assim: se conhecer, saber dos seus limites, querer uma vida nova e partilhar daquilo que se tem. Se um dia vocês ouvirem: “dá-me de beber”, o que terão a oferecer? O que há na sua vida que pode ser partilhado? O que há na sua vida que pode ser dividido.

terça-feira, 1 de março de 2011

Homilia do 8º Domingo Comum - Ano A

Olá pessoal, paz!!! Estou postando minha homilia do 8º Domingo Comum que a minha paroquiana Marli gravou e depois redigiu! Espero que ajude a todos! Abraço!

26/02/2011, 19:30H, SÁBADO, COMUNIDADE SANTA CRUZ
HOMILIA DO PADRE ANDERSON DANIEL
1ª Leitura: Is 49,14-15
2ª Leitura: 1Cor 4,1-5
Evangelho: Mt 6, 24-34

Amados irmãos e irmãs, começo fazendo uma pergunta: vocês andam muito cansados, meio estressados, desanimados? Será que talvez essas coisas, que são muito comuns em nossas vidas, não são porque estamos preocupados demais com coisas supérfluas ou apenas materiais? Gastamos demais a nossa vida, clareamos os fios de nossa cabeça preocupados com aquilo que é material. Estamos sempre pensando no amanhã de nossas contas; no amanhã de nosso alimento; no amanhã de nossas roupas; no amanhã daquilo que é material.
E como nos desgastamos com isso! Trabalhamos, trabalhamos, trabalhamos; trabalhamos mais; trabalhamos de novo, e chegamos em casa cansados. Não vamos à missa porque estamos cansados; não rezamos o terço porque estamos cansados; não lemos a bíblia porque estamos cansados; não nos lembramos de Deus porque estamos  cansados. E percebemos que quanto mais cansados ficamos, mais trabalhamos e menos temos. Quanto mais trabalhamos, mais cansados e mais desanimados ficamos;  parece que o negócio não vai! É porque a lógica está errada. Para quem é cristão, está errada.
A palavra de Deus é clara, hoje ,no Evangelho: “buscai primeiro o reino de Deus e tudo o mais vos será acrescentado”. Todas essas coisas materiais que nós gastamos a vida toda buscando, cansando e parece que nunca vem do jeito que a gente quer – porque quando você conquista um carro melhor, logo tem o desejo de ter outro melhor ainda; a hora que termina aquela sua casa do jeito que queria, você olha e diz que tal porta poderia ter ficado noutro lugar; porque sempre terá uma coisinha a mais e para Deus esta não é a lógica.
Deus nos ama mais do que somos capazes de imaginar. Para ilustrar isso Isaias, o profeta da primeira leitura de hoje, escrevendo para o povo que voltava do exílio da Babilônia por volta do ano 550 a 554 aC, disse que “ainda que uma mãe se esquecesse do seu filho, do filho que amamenta, Deus jamais se esqueceria deles, de vocês. Jamais! Só que para experimentarmos  essa certeza e esta palavra, nós precisamos ter muita fé. Mas uma fé imensa que se transforma num ato de abandono, de entregar-se nas mãos de Deus por completo, ao ponto de deixar que ele nos conduza e muitas vezes nós não conseguimos.
Nós queremos em todo momento ter o controle de nossas vidas. Ter as rédeas em nossas mãos. Como nos desequilibramos quando sentimos ameaçado o controle de nossa vida! Isso para muita gente é aterrorizante: chegar num momento da vida que não se sabe o que fazer; e agora? Tem gente que até morre por causa disso; não aprendeu a confiar.
Talvez nós estejamos cansados demais, desanimados demais, porque não aprendemos a estabelecer prioridades para nossa vida. Queremos tudo e não temos nada; fazemos tudo e não fazemos nada. A vida passa e parece que tudo continua sempre do mesmo jeito, a não ser a fisionomia que muda um pouco e com idade, começam as dores aqui, ali, acolá...
Quais são as prioridades da sua vida hoje? Quais são as suas metas? Quais são os seus anseios? O que é realmente importante? Já parou para se perguntar? Alguém pode dizer que o importante é comprar um tênis novo; isso não é importante. Percebem que muitas vezes nossas prioridades é que nos cansam porque quase sempre não são grandes prioridades. Para que você está se desgastando? O que é essencial para sua vida? Para o que você diz “sem isso eu não vivo”? Aprendemos a valorizar o que é essencial?
Sabe por que nós sofremos? Deus pede uma única coisa para nós: que sejamos normais e nós queremos ser super-heróis. Seja normal! Ser normal é trabalhar o quanto podemos, fazer o que é possível, chorar quando não conseguirmos, entender quando não conseguirmos; mas não, queremos ser super-heróis. Queremos fazer mais do que podemos, estar onde não podemos estar e em todos os lugares ao mesmo tempo, rezar mais do que agüentamos, tomar conta da vida de todo mundo, ganhar mais do que precisamos, ter mais do que já temos. Nunca estamos satisfeitos; achamos que podemos ir mais além, até que um derrame acabe com tudo, coloque você numa cadeira de rodas para o resto da vida e o deixe dependente dos outros porque você não soube respeitar os seus limites, aqueles que mostram que somos todos normais. Porque não viver na normalidade? Querer resolver todos os problemas do mundo é anormal porque nunca vamos conseguir.
Nesse ponto São Paulo é muito claro na segunda leitura de hoje. A comunidade de Corinto pegou a sabedoria dos gregos, a filosofia e tentou fazer a mesma coisa com o cristianismo; estabeleceu mestres, aqueles que falavam mais bonito e queriam segui-los, comparando uns com os outros. E Paulo fala “olha, não me julguem por isso porque a minha missão não é julgada por vocês, não estou aqui para levar o evangelho a meu favor, mas para fazer a vontade de Deus;  quem me julga é Ele não vocês”.
Muitas vezes nós precisamos parar de ficar fazendo as coisas para os outros. A mulher diz que quis fazer para o marido ver; mas não, ele a enxerga, pode até não querer ver, mas ele vê. O marido que precisa fazer para a esposa o enxergar; não, ela o enxerga, finge que não quer ver, mas o vê. Às vezes a gente fica querendo fazer as coisas para que os outros nos vejam, no português claro, queremos fazer para aparecer porque temos essa necessidade de aparecer e de sermos amados.  O Padre Zezinho diz que todo carente acaba se tornando chato porque quer ser tão amado que no fim, acaba sendo odiado,  porque ninguém agüenta.
 Amados irmãos e irmãs, nós precisamos de algumas coisas: primeiro, estabelecer o que é essencial para nossa vida; segundo, aceitar que somos pessoas normais – erramos e acertamos; terceiro, que nada do que fazemos é para ninguém, mas tem que ser para Deus. Se alguém deve julgar nossas atitudes, é Ele; não estamos neste mundo para agradar ninguém. Quem é da comunidade não tem que agradar o padre; e o padre não tem que vos agradar. Quem julga nossas atitudes é Deus.
E se não temos consciência de tudo isso, sofremos, cansamos porque ficamos esperando reconhecimento, esperamos retribuição, porque demos temos que receber. Uns dizem “ah, porque eu paguei o dízimo, eu tenho certeza que Deus vai me dar”; vai, mas desde que tenha pagado de coração, e não querendo receber. Essa é a grande questão.
Amados irmãos e irmãs, como sentimos dificuldade de viver o hoje que é a única coisa que temos; vocês já perceberam? O passado não volta mais; o futuro só a Deus pertence; e o hoje ninguém quer viver. Alguns ficam presos ao passado lembrando como era bom; era, mas não volta mais. Ou ficam presos ao futuro dizendo “ah, porque quando...” e “porque quando” não vai chegar nunca se o porquê hoje não existir.
Então como é o hoje na sua vida? Hoje você é feliz? Hoje você vive bem? Hoje você reza? Hoje você lê a bíblia? Hoje você ama? Hoje você perdoa? Hoje você sorri? É hoje! Sorrir amanhã, perdoar amanhã, ler amanhã. Não, amanhã você já morreu, acabou, vai saber? Tem que pensar o hoje da sua vida.
Amados irmãos e irmãs, como é o seu hoje? O seu hoje é um hoje feliz? Porque talvez você esteja buscando as coisas erradas. Ninguém pode servir a dois senhores, vai dizer Jesus, começando o evangelho de hoje, ou odiará um e amará outro, ou detestará um e adorará o outro. Ninguém pode servir a Deus e ao dinheiro, mas Jesus dá o caminho: “buscai primeiro as coisas do reino de Deus e tudo o mais vos será acrescentado”. Mas como é difícil colocar isso na cabeça do nosso mundo materialista; ninguém mais quer saber do reino de Deus. E Jesus vai dizer “olha os pássaros do céu, eles não plantam nem colhem, não têm celeiro e nenhum deles morre de fome; olhai os lírios do campo, não tecem nem fiam e nem Salomão em toda sua glória, o maior rei de toda história, se vestiu como um deles com tanta perfeição”.
E nós ficamos preocupados com o que comer, com o que vestir, e trabalhamos dobrado para isso, nos cansamos, não rezamos, não lemos, não estudamos a bíblia, não damos um tempo para Deus. Fazemos tudo errado, invertemos tudo ao invés de colocarmos Deus em primeiro lugar, e tudo virá por acréscimo: a roupa que precisamos, o dinheiro que necessitamos na quantidade certa. Deus em primeiro lugar. É a palavra de Deus hoje: ou a gente crê ou a gente não crê, por isso da confiança “acaso uma mãe pode se esquecer do seu filho?”
Essa é a palavra de Deus para nós hoje. Por isso amados irmãos e irmãs, preocupar-se, não; ocupar-se, sim. Como é difícil! Viver preocupado, não; viver ocupado, sim. E tem cabimento viver a vida inteira preocupado? Preocupados com filhos, com a casa, estamos sempre preocupados com alguma coisa. Talvez preocupados demais e ocupados de menos. Deus une o passado e o futuro no hoje que é eterno. A única coisa que se torna eterna é o que se faz hoje.
Então viva o hoje. O hoje no serviço a Deus é a primeira coisa. Eu quero que vocês pensem nisso; trabalhem bem essas três coisas e nada, palavra do padre, nada vos faltará. Como é que está o hoje no serviço a Deus, o hoje no meu trabalho e o hoje no serviço aos irmãos? Se você não se esquecer dessas três coisas, equilibrar essas três coisas e fizer a experiência do evangelho na sua vida, tudo o mais vos será acrescentado.
Se eu não me esquecer de Deus, se eu não tiver preguiça de trabalhar e se eu não me esquecer dos irmãos “tudo mais vos será acrescentado”, mas é preciso fazer essa experiência. Se faltar um dos três, vai faltar-nos tudo: você pode morrer de trabalhar, você pode morrer de rezar, você pode morrer de ajudar o próximo. Se faltar um dos três, vai faltar equilíbrio e o hoje de verdade. Deus, eu e você, e tudo o mais vos será acrescentado.
Jesus vai dizer “porque vos preocupais com o que comer e com o que vestir? Isso é coisa de pagão”; pagão que tem de se preocupar com isso, quem tem fé, não. Se buscar a Deus, trabalhar na medida certa e não se esquecer do irmão, “não vos preocupeis”. Agora quando uma coisa está errada, desequilibra e aí vem o que muita gente está vivendo hoje: cansaço, desânimo...
Agora pense, hoje, qual é a minha prioridade? Para sermos felizes, entendermos o que o evangelho de hoje quis nos mostrar, é preciso lembrar que devemos buscar o reino, o essencial é o reino de Deus. E o reino de Deus passa por três prioridades: primeiro Deus, depois o trabalho, que se refere a mim, e depois o irmão, o próximo. Servir a Deus, trabalhar, servir o próximo, “e tudo o mais vos será acrescentado”.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Amar até doer!!!!

Amar até doer (Stº Agostinho)

                Quando ouvi essa frase pela primeira vez, achei meio estranha, parecia contraditória, mas hoje depois de algum tempo de vida, e de muitas experiências e convivências, percebo que de fato Santo Agostinho tinha razão, todo amor traz em si alguma dor.
            O próprio Cristo pôde viver isso, amou até doer, até doer sua carne, seus ossos, seu espírito, ao ponto de suplicar ao Pai que se possível afastasse Dele aquele cálice, mas não foi possível; não foi porque o sofrimento é uma condição para o amor.
            O amor é dar de si, é entregar-se, e para ser verdadeiro precisa ser gratuito, mas o fato é que quase sempre esperamos algo em troca, isso gera angústia, talvez porque em todo amor aja qualquer coisa de egoísmo, de individualismo, queremos algo, que nos faça bem. Não que o amor seja mal, mas ele causa dor, porque muitas vezes nossa medida é pautada por nossas carências que quase sempre são frutos de uma ausência ou de um vazio que nem imaginamos de onde vem.
            Portanto, por mais que amemos não conseguiremos entender a verdadeira dimensão do amor, penso que isso só será possível quando não mais estivermos aqui, só junto de Deus entenderemos a verdadeira dimensão do amor, foi por isso que Jesus morreu, por saber que só na morte é que se vivencia a verdadeira essência do amor, que nada mais é do que fazer nascer a vida, mas não há nascimento sem morte.
            Quando ouvi pela primeira vez que São Francisco chamava a morte de irmã fiquei intrigado, porque nunca a tinha visto assim, mas hoje, depois de tudo o que vivi, e olha que perto do que ainda tenho que viver, penso que não é muito, entendo o que ele quis dizer, a morte é nossa irmã, porque quando sentimos  dor conseguimos ter a noção exata do amor que sentimos, coisa que é impossível quando estamos felizes, não que eu queira exaltar agora a morte, mas quero apenas dizer que ela arranca de nós todo o amor que nem imaginávamos existir dentro de nós.
            Pois é, tanto amor que seríamos até capazes de morrer, morrer no lugar de nossos filhos, nossos pais, nossos entes queridos, só para não vê-los partirem primeiro que nós, porque “perder”, significa ter que lidar com um amor que não conhecemos direito, tão grande que só é descoberto na hora da dor! A dor faz aflorar o maior amor, ou o amor maior! Tão grande que nos faz entender o que significa amar até doer!
            Significa que a dor é a certeza de um amor total, irrepreensível e verdadeiro, só sofremos por aquilo que amamos, portanto, às vezes é preciso sentir dor para descobrirmos o que realmente tem valor a nós; as pessoas, as obras, os sorrisos, a presença, a palavra, ou simplesmente o olhar. Por isso suplico todos os dias a Deus que jamais deixe de olhar para mim, e que me ajude a sofrer; que nunca me deixe cansar de amar, amar até dar a vida, toda a vida, ainda que eu não seja compreendido, que muitas vezes seja trocado, deixado de lado, ou simplesmente esquecido, que eu entenda que “ninguém tira a minha vida”, como nos diz Jesus, nós mesmos devemos dá-la, oferecê-la, por isso ofereço aos que amo a minha vida! Peço apenas uma coisa, não me dêem nada, mesmo que o meu ego suplique, me dêem apenas a oportunidade de amar até doer e se preciso for também morrer!
Com o coração,

Pe. Anderson Daniel Lopes
“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos!” (Jo 15,13)